domingo, 30 de janeiro de 2011

Pavio Curto


Talvez mais conhecida como o contrário de paciência curta,ou pavio curto - portanto, paciência longa, a longanimidade é aquela atitude para com as pessoas e eventos que o mundo tanto carece hoje.

Para com as pessoas, o longânime nunca perde a paciência, por pouco razoáveis que elas sejam. Ele nunca perde a esperança com relação a elas, por menos agradáveis e dóceis que elas sejam.

Para com os eventos, o longânime nunca admite derrota, nunca perde a esperança e fé, por mais obscura que a situação se mostre, por mais incompreensíveis que os eventos se mostrem, ou por mais severa que seja a correção de Deus. Digamos que esse é o poder de levar as coisas até o fim.

Embasada nesses conceitos, a Bíblia fala de importantes elementos da vida humana.

A longanimidade é a base do perdão – Salomão diz que saber comportar-se é o que torna o homem longânime. E a coroação deste é o perdão dados a seus injuriadores (Pv 19:11). A longa paciência em esperar o cumprimento das promessas de Deus ensinou a José o perdoar a seus irmãos (Gn 50:17, 19-21)

A longanimidade é a base da humildade – É Salomão que novamente nos ensina a preciosidade dessa virtude cristã. “Melhor é o paciente do que o arrogante” (Ec 7:8b). O longânime foge de ser o foco das atenções das pessoas. Foi a estratégia de Jacó ao reencontrar seu irmão Esaú após vinte e um anos servindo a seu tio Labão em Padã-Arã (Gn 31:18): “[tu] te agradaste de mim”(Gn 33:10). Aquele que jurara vingança, morte ao irmão que lhe roubara a primogenitura e a benção de Isaque, pai deles (Gn 27:36,42)!

A longanimidade é a base para a abertura de relacionamentos. O sábio filho de Davi diz: “A longanimidade persuade o príncipe, e a língua branda esmaga ossos”(Pv 25:15). Aqui é bem visível uma intertextualidade com a parábola do juiz iníquo (Lc 18:1-8). Mesmo não querendo relacionar-se seja com Deus nem com homens, o juiz é vencido pela insistência da viúva em pedir-lhe que a ouça (“todavia, como esta viúva me importuna” – v.5a). Ele foi cansado pela longânime viúva (“julgarei a sua causa, para não suceder que, por fim, venha molestar-me”- v.5b).

Aqui vemos a longanimidade no contexto humano, numa próxima postagem quero falar sobre essa virtude no contexto divino.


Seja longânime em perdoar,

Busque a humildade com longanimidade,

Como longânime abra a porta de novos relacionamentos!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Quem Sente a Dor de seu Pecado Entende Melhor o Perdão de Deus


“Purifica-me com hissopo, e ficarei limpo; lava-me, e ficarei mais alvo que a neve.

Faze-me ouvir júbilo e alegria, para que exultem os ossos que esmagaste”.

Sl 51:7, 8

Quem degusta melhor um bom prato de comida? Quem tem fome!

Quem aprecia mais um copo d’água? Quem tem sede!

Quem valoriza mais um teto onde morar? Quem vive na rua!

Quem entende e agradece melhor o perdão de seus pecados, senão aquele que sente e entende o que o pecado é? Davi serve de exemplo ideal para nós. Ele era um homem que sabia arrepender-se. Bem diferente daqueles que brincam com a graça de Deus, achando que a mesma é aquilo que Bonhoeffer chamou de graça barata.

Davi aqui implora porque sente a necessidade de perdão: “Purifica-me... lava-me”. O remédio de Deus para nossa doença chamada pecado, só pode ser ministrado caso o doente clame por ajuda. Nesse caso, a situação é pior porque o doente está morto: “Estando vós mortos...”(Ef 2:1).

Como no caso de Davi, Deus foi à busca do pecador: “O SENHOR enviou Natã a Davi” (2 Sm 12:1)! Nosso rei-pastor passou quase um ano inteiro[i] sem confessar a Deus o pecado que havia cometido: o adultério com Bate-Seba acompanhado do assassinato do marido desta (2 Sm 11:4, 15-17).

Quando confrontado por Deus, Davi, agora arrependido, sabia como clamar por perdão, sabia do que precisava e tinha a certeza de que receberia: “Purifica-me... ficarei limpo; lava-me, e ficarei mais alvo que a neve”.

É necessário experimenta a dor do que é o pecado para que se queira clama por libertação. Quando sentiu os ossos esmagados, Davi contemplou raios de esperança. Ainda era possível experimentar júbilo e alegria!

Deus nos chama para sentirmos a dor de nosso pecado, a fim de que experimentemos a verdadeira alegria da salvação. Esse papel de nos mostra a fealdade de nossas iniquidades é cumprido pela lei. O apóstolo Paulo fala que: “a lei suscita a ira” (Rm 4:15), “Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa” (Rm 5:20) e “o pecado, para revelar-se como pecado, por meio de uma coisa boa [a lei], causou-me a morte, a fim de que, pelo mandamento, se mostrasse sobremaneira maligno” (Rm 7:13).

Davi confrontado exclamou: “Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mau perante os teus olhos...” (Sl 51:4). Davi cometera pelo menos três pecados aqui:

1. Cobiçara Bate-Seba, quebrando o 10º mandamento;

2. Adulterara com ela, quebrando o 7º mandamento;

3. Assassinara Urias, quebrando o 6º mandamento.

A lei de Deus como um espelho (Tg 1:23) nos faz contemplar que diante Dele somos fracos, ímpios, pecadores, inimigos (Rm 5:6, 8, 10). Não precisamos cometer os mesmos pecados de Davi para nos fazermos pecadores. Já o somos pelos nossos próprios pecados cometidos: “Se dissermos que não temos cometido pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos...” (1 Jo 1:8).

Só o coração que sente a própria dor de seus atos pecaminosos está preparado para desfrutar a alegria do perdão de Deus. E esse perdão não é conseguido pela lavagem com hissopo,[ii] mas com o sangue de Seu Filho Jesus: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça” (1 Jo 1:9).


[i] Swindoll declara: “Alguns eruditos do Antigo Testamento crêem que houve pelo menos um intervalo de doze meses antes que Natã fizesse a sua visita” (SWINDOLL, Charles R. Davi: Um Homem segundo o Coração de Deus. São Paulo: Mundo Cristão, 1998. p. 248).

[ii]O hissopo, juntamente com o cedro e a lã escarlate formava parte do rito de purificação de leprosos (Lv 14:4, 6), da praga (Lv 14:49-52), e do sacrifício da novilha vermelha (Nm 19:2-6 cf. Hb 9:19)” (HARRISON R. K. verbete plantas. In: DOUGLAS, J. D. [Org.] O Novo Dicionário da Bíblia. 2ª edição. São Paulo: Vida Nova, 1995). Toda essa cerimônia prefigurava o sacrifício perfeito realizado por Jesus Cristo, o Filho de Deus.